Um corpo navega pelas águas cósmicas. Recupera um imaginário mitológico da criação (uma cosmogonia) no qual o Universo (e a Terra) se formam a partir de um líquido primordial, evocando uma miríade de mitos da criação, presentes, por exemplo, nos Tucanos (tribos nativas do nordeste do rio Amazonas), no budismo e no hinduísmo. Inscrevendo-se neste imaginário, “Sobre a noite cósmica” apresenta-nos um corpo criativo, que rompe as águas primordiais e que se propaga, a partir do centro – centro do si e do universo –, personificando a ideia de centro presente na mitologia da criação. De uma pequena partícula de matéria, o "ovo cósmico", eclode todo o universo. A dinâmica do caos-cosmos, o movimento de explosão-implosão surgem nos diferentes gestos do corpo cósmico, mas são também questionadas pela presença fragmentária das imagens (slides). Estas revelam o exercício de fabricação das imagens, confundindo relações de escala e matéria, introduzindo um imaginário paralelo – de encenação –, que sustenta o projeto.