Monte Olimpo
2016
colaboração com Adriana Romero
mARTE, Barcelos
Monte Olimpo 2016
projeção de slide, preto e branco, 200x125 cm (aprox.)
O Olimpo é um monte, e as nuvens, água/que as baixas temperaturas condensaram/em estrelados cristais.
(Gedeão, 1983, p.174)
O Monte Olimpo — na mitologia grega, a morada dos deuses — é a mais alta montanha da Grécia, mas é também a mais alta montanha de Marte e a mais alta montanha do Sistema Solar. Nome transversal, portanto, a tempos e planetas distintos, torna-se particularmente evocativo da relação que queríamos trabalhar.
Através da imensidão do mar a associação à imensa noite cósmica: “[d]um ponto intergaláctico privilegiado veríamos espalhados, como espuma do mar nas ondas do espaço, inúmeros filamentos de luz, ténues e insignificantes” (Sagan, 1997, p.19).
Através da utilização e da observação de cristais de sal estabelecemos, então, uma ligação ao mar e, com isso, ao universo.
A tentativa de abordar uma escala de conhecimento através do seu oposto, ou antes, de reconhecer a sua correspondência “encontra representação nas teorias de física contemporâneas que descrevem o modo como cada partícula de matéria no espaço contém informações acerca do estado do universo inteiro” (Viola, 2005, p.42).
Os modos de encenar os locais filmados fixam esta relação — são filmagens ao microscópio de cristais de sal, ou de superfícies corroídas pelo sal — são encontradas montanhas, linhas do horizonte, atmosferas, e mesmo um planeta.
Não se procura, assim, assumir um olhar científico, mas um olhar do imaginador — um ‘olhar que se quer espantar: e se já se espantou com uma coisa e volta a olhar para ela é porque se quer espantar de novo, (...) com um pormenor diferente’ (Bachelard, 1996 cit. por Tavares, 2013, p.37).
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Gedeão, António (1983 [1996]). “Poema das nuvens fofas”, In Poesia completa, (p.174). Lisboa: Edições João Sá da Costa.
Sagan, Carl (1997). Cosmos. (5ª ed.). Lisboa: Gradiva.
Viola, Bill (2005). Reasons for Knocking at an Empty House: Writings 1973-1994, (3ª ed.). London: Thames & Hudson.
Tavares, Gonçalo M. (2013). Atlas do Corpo e da Imaginação, Lisboa: Caminho.
Monte Olimpo 2016
Instalação com projeção de vídeo, cor, sem som, 15'17'', loop , projeção de slides, 16 lamelas com cristais de sal, projetor de luz.
Vistas da exposição E como estrelas/duplas/consanguíneas/luzimos de um para o outro/nas trevas